Por Arnaldo Moreira
O mundo comemorou na terça, 27 de setembro, o Dia Internacional do Turismo, o primeiro pós-pandemia que travou o planeta diante da agressividade da Covid-19, que ceifou a vida a mais de 6,5 milhões de pessoas – quase 700 mil no Brasil, o segundo com mais mortes, logo a seguir aos Estados Unidos – e causou prejuízos econômicos incomensuráveis. Mas, como sentencia Nelson Ned em sua famosa canção, de 1969, “Tudo passa, tudo passará…”, a recuperação do turismo – e das demais atividades e vida das pessoas – está acontecendo num ritmo acelerado.
Afinal, as pessoas estavam ávidas para voltar a viver, conhecer o mundo. Portugal, por exemplo, registra desde o começo do ano 6 milhões de turistas, um número superior a todo o ano de 2019.
No Brasil, esse ritmo no retorno à normalidade do turismo não é diferente, com a diferença de que, por aqui o que rege essa movimentação é o turismo doméstico garantindo hotéis com altos índices de ocupação, o que se verificou nos últimos feriados. O turismo internacional, porém, mantem o ritmo dos tempos pré-pandemia, pelas razões por todos conhecidas.
O Brasil é um dos países do mundo com maior potencial e diversidade turística, mas não explora essa riqueza como deveria. Salvo raras exceções, municípios e estados recebem dos prefeitos e governadores uma parca atenção.
Os cargos de secretários de turismo são destinados a amigos ou para atender a interesses partidários com a nomeação de gente sem o menor tirocínio sobre o que representa o turismo em termos de receita e de empregos. Os orçamentos das secretarias de turismo são irrisórios e os projetos nem se fala. Ao longo dos anos, essa situação se repete nas administrações federais.
O Brasil tem problemas, sim, e entre eles a grave situação da insegurança pública. Ontem (26/09), o Rio de Janeiro – que registra as duas maiores chacinas de todos os tempos geradas em confrontos com a polícia – teve mais uma vez as principais vias expressas – uma delas, a Linha Vermelha de acesso ao Aeroporto Internacional Tom Jobim –fechadas devido a confrontos entre quadrilhas e a polícia.
A forma como o Estado vem enfrentando o tráfico e as milícias, invadindo comunidades – de que raramente não são mortas pessoas inocentes – sem nenhum resultado prático, há 70 anos tem a ver com a segurança da população e com o turismo, pois afasta o turista estrangeiro do Brasil. E esse panorama é semelhante em todo o País.
O Brasil precisa de um plano de governo para o Turismo sério, efetivo, de longo prazo. Não um projeto de governo, mas um programa de Estado para ser desenvolvido e não interrompido pelo governo que entra e nesse plano tem de estar inserido obrigatoriamente um projeto de segurança pública nacional.
Países como a Colômbia e a cidade de Nova York (EUA) resolveram e dissolveram a violência, porque o Brasil não o conseguiria? Basta vontade política, investimento sério e compromisso com a população.
Os próximos governos federal e estaduais precisam se engajar nessa luta pela paz e o fim da violência com seriedade e eficiência para que os milhares de milhares de turistas estrangeiros que não vêm para o Brasil possam vir sem medo.
Precisamos direcionar todas as nossas energias para que os próximos governos se engajem nessa tarefa de garantir o Brasil como um destino turístico mundial que merece ser.