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FIFE 2023 – Entrevista presidente Rede Filantropia, Márcio Zeppelini.

 

”AMOR À HUMANIDADE”

Presidente Rede Filantropia, Márcio Zeppireli

“Para mim, Filantropia significa amor è humanidade. Portanto, trabalhar no Terceiro Setor é trabalhar pelo desenvolvimento da humanidade. Todas as minhas frentes de trabalho em que eu atuo eu priorizo algum tipo de desenvolvimento humano. Na Rede Filantropia, além de desenvolvermos os seres humanos focamos no desenvolvimento da sociedade e sua devida sustentabilidade”.

 

Entrevista – Marcio Zeppelini presidente da Rede Filantropia.

Por Jornalista Christina Hayne

Em 30.03.2023

 

1- Marcio, hoje você está como presidente da Rede. Pode traçar uma retrospectiva de sua jornada, passando pelo histórico de sua relação com o setor da comunicação e o conhecimento acumulado sobre a importância do Terceiro Setor organizado e múltiplo em favor do desenvolvimento social que passou a ser o centro de sua atenção?

 2-  O que estimulou o nascimento e a continuidade do Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica – FIFE? Fale sobre essa trajetória.

 MZ- “Comecei a atuar no Terceiro Setor em 1997, quando um amigo passou por uma situação muito difícil com a perda da filha dele. Neste momento, me pediu para indicar alguma organização para realizarmos um trabalho voluntário, e foi quando comecei a conhecer mais de perto a realidade do setor social.

De 1997 a 2002, segui atuando como voluntário e percebi que muitas organizações precisavam de conhecimento técnico, planejamento, estratégia para se organizarem melhor. Na ocasião, eu já tinha um caminho na área da gestão trilhado com a cabeça pensante de um empresário, trabalhando no ramo editorial, e entendia ser este um caminho eficiente também para entidades sem fins lucrativos. Como tinha uma linha direta também com o segmento da comunicação, em 2002, juntamente com outros parceiros, idealizei, criei e produzi a Revista Filantropia. Esta ferramenta contribuiu com a criação e a expansão da Rede Filantropia. Além das publicações da Revista Filantropia, outras ferramentas contribuíram: a edição de livros; a criação do site como fonte de pesquisa e convergência de informação; a produção de artigos e a realização de eventos – treinamentos, workshops, fóruns, cursos on line etc”.

MZ-  “Em 2009, quando conheci o então presidente da ABCR, Associação Brasileira de Captadores de Recursos, surgiu a ideia de um evento referência em conjunto – ABCR + Rede Filantropia. Na ocasião nasceu o Festival Latino Americano de Captação de Recursos e, com o tempo, percebeu-se a necessidade de uma maior abrangência. Não apenas um evento para captação de recursos, mas um evento que reunisse vários temas – gestão, recursos humanos, voluntariado, legislação, contabilidade, marketing, assistência social, certificações e também captação de recursos.

Então, em 2012 foi o último ano em que participamos da organização do FLAC (Festival Latino Americano de Captação de Recursos) junto com a ABCR; Em 2014 lançamos, então, o Fórum Interamericano de Filantropia Estratégica – FIFE. A 1ª edição do FIFE aconteceu em Natal, já com uma abrangência maior de conteúdo”.

 

3- No seu entendimento, qual a missão de um Terceiro Setor organizado, antenado e comprometido com as necessidades da população? É um caminho para a promoção da qualidade de vida e de oportunidades para a sociedade, no universo local, regional e nacional?

4- O Terceiro Setor, ocupa um papel de protagonista ou de complementariedade? E a Parceria Público Privada- PPP?

 MZ: “Costumo brincar, mas é uma brincadeira muito verdadeira: o terceiro setor deveria ter data para “morrer”, para não existir mais. Vou explicar: toda organização deveria ter no seu estatuto a data em que deveria deixar de existir. Sei que tem um viés de utopia no que estou destacando, porém, imagine que uma organização trabalha com a meta da erradicação da pobreza ou erradicação do analfabetismo em determinada região ou outro tema qualquer; se considerarmos atingir os objetivos que a própria titulação já informa, a partir do momento em que 100% das pessoas estão alfabetizadas, saberemos então que o problema está resolvido e, estando erradicado o analfabetismo (nesse exemplo), não há motivos para se trabalhar novas soluções. Por isso digo que organizações do Terceiro Setor deveriam ter tempo para encerrar. E, a partir desse momento, transferem-se as ferramentas tangíveis e intangíveis para alguma outra causa. Então, a missão do Terceiro Setor é contribuir e buscar a resolutividade dos problemas da sociedade”.

“Eu não concordo muito quando algumas pessoas falam que atuamos onde o Primeiro Setor não consegue estar 100% presente. As falhas são inevitáveis e constantes no Primeiro Setor. O Terceiro Setor está muito mais próximo da sociedade; ele é a sociedade; aqui, é a sociedade trabalhando pela sociedade, sem a presença do governo. O Terceiro Setor faz um papel de complementação de políticas públicas, de políticas governamentais e partidárias até (por que não?), ainda que nossa atuação prioritária sejam as políticas públicas.

E o apoio do Segundo Setor, o empresariado, sem dúvida é o vetor principal para os investimentos necessários.

Tenho uma teoria como ideal, o Primeiro Setor deveria legislar, monitorar, fiscalizar e “punir” (quando necessário); o Segundo Setor deveria financiar; e o Terceiro Setor, executar. Várias são as iniciativas que acontecem nesse formato. Por exemplo, as penitenciárias privatizadas. Neste caso, por meio de um regime absolutamente mais eficiente, o Terceiro Setor atua no operacional; o Segundo Setor financia incluindo como parte da mão de obra qualificada, pelos próprios egressos; e o Primeiro Setor emite as regras, fiscaliza e, em caso de necessidade, pune as entidades e faz ajustes. Esse exemplo pode ser estendido aos setores da saúde, educação, assistência social, meio ambiente e preservação; equipamentos públicos de lazer que, por meio de concessão, ganham novos mantenedores, a exemplo do Parque do Ibirapuera, SP, que se apresenta (nesse formato) como uma gestão mais eficiente.

É preciso entender a importância das parcerias público privadas – PPPs, quando são feitas com o Terceiro Setor pois passam a ter um viés mais voltado para a sociedade, e não para o lucro”.

5- O FIFE será realizado pela primeira vez na região Norte não é? Sendo a região amazônica uma área que certamente parcela significativa da população se reúne e se solidariza em diferentes contextos (saúde, educação meio ambiente, causas sociais, projetos sustentáveis, busca por oportunidades etc) relacionados como o objeto do Terceiro Setor, até por se confirmar a ausência do Estado em muitos espaços e municípios da Amazônia, o FIFE pode, em sua décima edição, ser um instrumento de mudança, melhorias e oportunidades. Você concorda?

MZ: “Estamos aguardando o FIFE Belém como o momento da retomada. Ainda que em 2022 tenham se confirmado bons indícios, para 2023 esperamos mais. Pretendemos aumentar a dinâmica e promover oportunidades ao levar esse evento para a região Norte. Esperamos um público presente em peso dos estados da Amazônia e da região Nordeste e Centro Oeste.  Nossa maior expectativa é dar a oportunidade e acesso ao conhecimento que o FIFE movimenta”.

https://febtur.org.br/belem-recebe-forum-interamericano-de-filantropia-estrategica/

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