Carnaval feito “por elas” deixa história nas avenidas do samba.

Por Christina Hayne (1759/PA) / Gilvana Santos (AP)e Fotos: Márcia do Carmo (AP)

 Mulheres se destacam no carnaval do Brasil e, a mais nova, porém não menos experiente, em 2024, veio do extremo Norte do país, do estado do Amapá.

Rebeca Lima, presidente da Escola de Samba Piratas Estilizados confirmou a 3ª colocação no Carnaval 2024 do Amapá.Há anos, de Norte a Sul do Brasil, mulheres vêm ocupando espaços à frente de escolas de samba e despontando como referência no carnaval após fazerem história nas avenidas do samba. Liderança, capacidade de organização e mobilização, força, competência, sensibilidade e carisma são características comuns à elas que assumem a missão de dirigente de agremiações tradicionais. Um trabalho árduo que começa um ano antes, logo após a prestação de contas do carnaval anterior.

Muitas conduziram com maestria comunidades carnavalescas, levando ao título escolas de samba do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e também do Amapá. Como exemplo podemos citar Guanayra Firmino, presidente da Estação Primeira da Mangueira; Solange Cruz, presidente da Escola de Samba Mocidade Alegre de São Paulo; Angelina Basílio, presidente da Escola de Samba Rosas de Ouro, em São Paulo; Cátia Drumont, presidente da Imperatriz Leopoldinense, escola de samba do Rio de Janeiro; Rita Bitencourt, presidente da Acadêmicos de Gravataí, no Rio Grande do Sul e, entre outras espalhadas pelo Brasil, a mais nova presidente de agremiação carnavalesca, representando o estado do Amapá, Rebeca Lima, está à frente da Escola de Samba Piratas Estilizados, uma das escolas de maior tradição do também tradicional bairro do Laguinho, em Macapá.

Mulheres se destacam no carnaval do Brasil e, a mais nova, em 2024, veio do extremo Norte, do estado do Amapá.

A ‘Piratas Estilizados” trouxe para o sambódromo do meio do mundo, em 2024, o tema “A energia que conduz a paixão alaranjada”. A presidente da Escola explicou que o enredo falou sobre as muitas energias: a que conduz a paixão pela comunidade; a energia da fé; as energias renováveis e a energia da natureza. A Escola de Samba Piratas Estilizados garantiu a terceira colocação no ‘Carnaval 2024. Amapá 80 Anos’.

Foto Márcia do Carmo (AP)- Presidente da ‘Estilizados” recebe o troféu após se consagrar entre o Top 3 do Carnaval 2024 de Macapá

Com aporte financeiro da gestão pública e de parceiros apoiadores do setor privado coube a Rebeca conduzir um investimento na ordem de 1,4 milhão para colocar à Escola na avenida Ivaldo Veras, com cerca de 1200 brincantes distribuídos entre 10 alas comerciais além da comissão de frente; casal de mestre sala e porta bandeira, baianas, passistas, ala dos Amigos e a velha guarda.

A escola de samba Piratas Estilizados nasceu dia 05 de janeiro de 1974, no bairro do Laguinho. Passou pela condição de bloco até se formatar como uma escola de samba que percorreu uma trajetória de laços e histórias.

A história da agremiação é motivo de orgulho para Rebeca Lima e para outros 29 dirigentes, sendo que, mais de 50% das funções de dirigentes são ocupadas por mulheres da Escola. Ela disse que outras grandes mulheres já assumiram funções a frente da presidência, hoje ocupada por ela, e declarou: “entre as minhas bandeiras está o meu engajamento em reforçar às lutas de mulheres que sonham e que podem chegar onde quiserem. Em tratando-se do carnaval amapaense, já fomos considerados o terceiro carnaval do Brasil e vamos continuar trabalhando para buscar de volta nossa colocação e visibilidade”.

Ao se posicionar acerca da retomada do evento após o chamado ‘black – out’ do período pandêmico, Rebeca falou do momento renovador que experimentou.  “Quem gosta de carnaval respira o evento em todas as etapas. Chegar fevereiro e não viver a emoção do carnaval foi doentio”, lembrou Rebeca. Entretanto, declarou a presidente, “este ano de 20024, eu e milhares de brincantes vivenciamos uma experiência incrível. Várias foram as vezes que senti meu coração aquecido e feliz ao participar das atividades momescas da Escola e do carnaval. Isso me impulsionou e me deu forças para colocar a Piratas Estilizados na avenida do samba. Fizemos um grande desfile”, finalizou.

Foto Márcia do Carmo (AP)- A ‘Piratas Estilizados” trouxe para o sambódromo do meio do mundo, o tema “A energia que conduz a paixão alaranjada”.

 

 Mais jovem presidente de escola de samba, Rebeca Lima fala dessa experiência que considera incrível

Gestão de pessoal e o enfrentamento ao preconceito por ser mulher no comando foram algumas das dificuldades que a presidente da agremiação do Laguinho teve que enfrentar.

Por Gilvana Santos (Jornalista/AP) /Fotos: Márcia do Carmo (AP)

Foto Márcia do Carmo (AP)- Em visita técnica no barracão apresentando o processo de produção da Escola de Samba ao governador do Amapá Clécio Luís Vieira.

Nascida em Macapá, no dia 2 de fevereiro 1986, Dia de Iemanjá, Rebeca Lima surge no cenário carnavalesco como uma revelação no modo de gerir a escola de samba que preside, Piratas Estilizados. A “caçula” dos presidentes chegou devagar e logo foi se destacando pelo modo firme de seus posicionamentos nas reuniões da Liga Independente das Escolas de Samba do Amapá (Liesap), mostrando desenvoltura e articulação política na busca por recursos junto ao empresariado e parlamentares e inovação com parcerias que tiveram reflexo na economia estadual.

Em visita técnica no barracão apresentando o processo de produção da Escola de Samba ao governador do Amapá Clécio Luís Vieira.

Sua história na escola começou cedo, desfilando pela primeira vez ainda criança porque a família era toda engajada no Estilizados. O pai Valmik Monteiro foi vice-presidente e o único título da agremiação, em 1996, foi conquistado na presidência de seu tio, Pedro Nascimento, o Pedrinho. Foi ritmista, rainha de bateria e membro da diretoria na gestão do então presidente Diego Cearense, no Carnaval 2023.

A decisão de concorrer à presidência da ‘mais querida do carnaval amapaense’ implicou em decisões difíceis para Rebeca porque até então estava com as duas filhas morando em Belém e cursando Medicina. Ela contou com o apoio da família para tomada de decisão.

Gestão de pessoal e o enfrentamento ao preconceito por ser mulher no comando foram algumas das dificuldades que a presidente da agremiação do Laguinho teve que enfrentar.

Rebeca Lima relatou que um dos seus maiores anseios era conseguir agregar a comunidade e trazer novos adeptos a esse amor alaranjado. Para isso, trabalhou paralelo ao projeto de desfile os projetos: “Talento se faz em casa” para formação de ritmistas para a Orquestra de Bambas, Escolinha de Casais de Mestre sala e Porta Bandeira – Durica Almeida e a programação cultural

Ao final da entrevista, Rebeca manifestou gratidão a Deus, por mantê-la de pé em todos os momentos, à família que considera seu esteio e a todos os apoiadores, patrocinadores, profissionais, diretoria da escola, aos que participam dos pontos técnicos, e claro, agradecimento especial à comunidade alaranjada.

 

 

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