Dianópolis: Terra da Dianas revela história e belezas

Seleucia Fontes

Cidade polo da Região Turística das Serras Gerais, no sudeste do Tocantins, Dianópolis é um convite para quem busca cultura e natureza.

Conta-se, lá pelas bandas do Tocantins que, certo dia, um grupo de indígenas caminhava pela mata quando uma das mulheres parou para fazer suas necessidades. Ela avistou uma pedra brilhante e, encantada, levou até as Missões, onde vivia, e lá os jesuítas perceberam ser ouro, o que provocou a abertura de uma mina que atraiu famílias originárias principalmente da Bahia. Assim teria começado a ocupação da área que mais tarde se tornaria Dianópolis.

Conhecer Dianópolis, maior município do Sudeste do Tocantins, no coração da cada vez mais propagada Região Turística das Serras Gerais, é fazer um mergulho em sua história, tradições e belezas naturais. Por ali, dividem espaço famílias tradicionais, grande quantidade de escritores, amantes do carnaval tradicional e muita natureza.

Apesar de estar em posição geográfica privilegiada, sendo passagem obrigatória para outros municípios das Serras Gerais que já ganharam fama por seus lagos de águas transparentes e cachoeiras incríveis, e mesmo detendo a melhor infraestrutura da região, Dianópolis ainda está começando a ser descoberta pelos turistas. Aguarde, porque você ainda vai ouvir falar muito sobre o Vale Encantado e a Fortaleza dos Guardiões.

Conheça a história real

A história oficial não é menos instigante que a lenda, como revela o historiador e escritor Wátila Misla. O sudeste tocantinense, antes pertencente ao Estado de Goiás – até a criação do Tocantins, em 1988 –, teve sua ocupação acelerada a partir de 1734, quando foram descobertas as primeiras minas de ouro que deram origem a Natividade, Arraias, Conceição e Monte do Carmo.

Em 1751 foi edificado, por ordem do governador Dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, o primeiro aldeamento indígena de toda a Capitania de Goiás, nas proximidades do Ribeirão Formigas, com o nome de São Francisco Xavier do Duro, mais conhecido como Missões ou Missão. A ideia era controlar os conflitos entre fazendeiros/mineradores e indígenas. Entre mortos e fugitivos, foram “pacificados” cerca de 600 Acroás, mantidos nas Missões, e 900 Xacriabás, levados para aldeia a 2 léguas (8,4 km) de distância.

As Missões eram mantidas pelo Governo, com a ajuda dos padres Jesuítas, primeira ordem a se estabelecer no Brasil e conhecida pela catequese que realizavam para educar e doutrinar os indígenas. Porém, em poucos anos a manutenção dos aldeamentos tornou-se insustentável. As doenças figuravam entre os problemas enfrentados. Uma única crise de varíola teria matado 200 indígenas. Em 1775, os Acroás foram levados para outro aldeamento em Goiás e os Xacriabás se dispersaram. Um ramo dessa etnia ainda vive em Minas Gerais. Já a etnia Acroá foi extinta.

Enquanto isso, cerca de 11 km adiante, chegavam ao garimpo mais forasteiros em busca de ouro, dando origem ao aldeamento São José do Ouro, elevado a Distrito de São José do Duro em 1854 e a vila 30 anos depois. O nome Dianópolis, uma homenagem às “Dianas” da vila (Custodiana Leal Rodrigues, Custodiana Nepomuceno Wolney Araújo, Custodiana Wolney Póvoa e Custodiana Costa Aires), foi adotado somente em 1938, com sua elevação à categoria de cidade.

A área das Missões ainda existe, e pouco revela sobre o passado habitado por indígenas e jesuítas. A capela original não existe mais, e nem sua substituta. A terceira foi edificada nos anos de 1960. Porém, o pátio central é cercado por grama verde e ali se perpetuam várias tradições religiosas, como a Missa de São José, padroeiro da cidade, em março, e a Festa das Missões, no mês de junho.

A mina de Dianópolis passa por baixo da cidade, mas foi desativada no início dos anos de 1980.

Espetáculos da natureza

E pensar que, além de tanta história e tradição, Dianópolis ainda revela atrativos naturais incríveis!

São duas áreas particulares, pertencentes a fazendas e com operação turística autorizada somente para a WS Turismo. O melhor de tudo é que o acesso pode ser feito em carro de passeio e as trilhas são de mínimo impacto.

O Vale Encantando fica a cerca de 23 km da cidade, sendo apenas os 4 km finais em estrada não pavimentada. A trilha de 3,5 km em circuito oval oferece uma vivência no cerrado, com a presença de espécies vegetais da Floresta Amazônica e da Caatinga, paredões rochosos e transição entre terrenos arenosos e calcários. Uma gruta é o portal de entrada para este ambiente totalmente preservado. No local também chama atenção a Cachoeira da Ré, convite para uma hidromassagem natural.

“Tentamos provocar o mínimo de interferência e adotamos medidas de proteção, como o uso de perneiras”, explica o empresário Santiago Carvalho, nascido em Dianópolis e atuando como condutor de turismo há cerca de 18 anos.

Outro atrativo que enche os olhos fica na Região da Garganta, um platô com centenas de formações rochosas localizado na divisa entre os municípios Dianópolis e Rio da Conceição. Quem já teve a oportunidade de acompanhar o pôr do Sol da Fortaleza dos Guardiões afirma que é um espetáculo inesquecível.

Apesar da distância de Dianópolis, 70 km, o acesso não é difícil: apenas 8 km são percorridos em estrada não pavimentada e um estacionamento comporta cerca de dez veículos. A partir dele, a trilha de baixo impacto soma 1,9 km entre as estruturas rochosas. O local só pode ser visitado por condutores credenciados, que garantem a segurança, a proteção ambiental e levam informações aos visitantes sobre a geologia local e as plantas do cerrado. As visitas ocorrem pela manhã ou ao final da tarde, para a observação das estrelas. Outra dica é optar pelos períodos de Lua Cheia (dois dias antes e até dois após o seu início), quando é possível presenciar Sol e Lua simultaneamente.

Balonismo

“A Fortaleza dos Guardiões é a nossa Capadócia”, defende a empresária Wanessa Kely Barros, ao explicar o esforço para implementar o balonismo na região, uma experiência nova no Tocantins, mas que tem tudo para dar certo, em função dos ventos e da paisagem de tirar o fôlego. Apesar da região ser propícia a essa prática entre os meses de abril e novembro, Santiago aponta agosto e setembro como o melhor período, pois a luz do Sol desce pela Serra, provocando um brilho dourado nas pedras.

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